Visitantes

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Como funciona o mimetismo

Na natureza, todas as vantagens aumentam as chances de sobrevivência de um animal, e por conseguinte, suas chances de reprodução. Este simples fato tem causado a evolução de espécies de animais para um número de adaptações especiais que os ajudam a encontrar comida e evitar que eles sejam comidos. Uma das mais amplas e variadas adaptações é a camuflagem natural, a habilidade de um animal esconder-se de predador ou presa.



Foto cedida por David Parks
Paradoxophyla palmata, uma rã de cabeça-estreita nativa de Madagascar. O colorido marrom e amarelo da rã, assim como sua textura áspera, permite que ela passe desapercebida com a lama e os troncos de árvores em seu meio ambiente.

Neste artigo, veremos como os animais misturam-se ao meio em que vivem e passam despercebidos em seu meio ambiente. Veremos alguns animais que se escondem e que podem trocar sua camuflagem de acordo com as mudanças no seu meio ambiente. Além destas especialidades de se esconder, veremos alguns animais que não se escondem nem um pouco, mas expulsam predadores disfarçando-se de algo perigoso ou desinteressante.

Cores ocultas

A maioria das espécies animais no mundo desenvolveu algum tipo de camuflagem natural que os ajuda a encontrar comida ou evitar ataque. A natureza específica desta camuflagem varia consideravelmente de espécie para espécie.

Foto cedida por Carl Roessler
Um peixe falcão xadrez, fotografado na costa de Papua Nova Guiné - a coloração atraente dos peixes permite que eles se misturem com estes brilhantes corais gorgonianos

Há vários fatores que determinam que tipo de camuflagem uma espécie desenvolve:
  • a camuflagem desenvolve-se diferentemente dependendo da fisiologia e comportamento de um animal. Por exemplo, um animal com pêlo desenvolverá um diferente tipo de camuflagem de um animal com escamas, e um animal que nada em grandes cardumes desenvolverá uma camuflagem diferente de um outro animal que vive sozinho em árvores;
  • o meio ambiente de um animal é freqüentemente o fator mais importante com o qual a camuflagem se parece. A camuflagem mais simples é aquela que combina o animal com o fundo de seu meio ambiente. Neste caso, os vários elementos do habitat natural podem ser usados como modelo para a camuflagem;
  • como o objetivo final da camuflagem é esconder o animal de outros, a fisiologia e o comportamento de seus predadores ou de suas presas é altamente significante. Um animal não desenvolverá nenhuma camuflagem que não o ajude a sobreviver, então nem todos os animais misturam-se em seu meio ambiente da mesma maneira. Por exemplo, não há sentido em um animal replicar a cor de seu meio ambiente se o seu principal predador for insensível às cores. 

    Para a maioria dos animais, "misturar-se" é a camulfagem mais efetiva. Você pode ver este tipo de camuflagem em todos os lugares. Veados, esquilos, porcos-espinhos e muitos outros animais têm cor castanha, cores "tom de terra" que combinam com o marrom das árvores e do solo em uma floresta. Tubarões, golfinhos e muitas outras criaturas do mar têm uma cor cinza-azulada, que os ajuda a misturarem-se com a luz suave da água.


  • Foto cedida por David Parks
    Um sapo oculto - esta espécie desenvolveu uma cor, textura e forma que são similares às folhas encontradas em seu meio ambiente

    Há duas maneiras pelas quais os animais produzem cores diferentes.

  • Biocromos, são pigmentos naturais microscópicos presentes no corpo de um animal que produzem cores quimicamente. Sua maquiagem química é tanta que eles absorvem algumas cores da luz e refletem outras. A cor aparente de um pigmento é a combinação de todas as comprimentos de onda de luz visíveis que são refletidas por esse pigmento.
  • Os animais podem também produzir cores através de estruturas físicas microscópicas. Estas estruturas agem como prismas, refletindo e espalhando luz visível. Dessa maneira, uma certa combinação de cores é refletida. Os ursos polares, por exemplo, realmente têm a pele preta, mas parecem brancos por terem pêlos translúcidos. Quando a luz brilha em seus pêlos, cada pêlo desvia ligeiramente a luz. Isto rebate a luz ao redor, fazendo então com que parte dela incida sobre a superfície da pele do urso polar e o resto da luz seja refletida produzindo a coloração branca. Em alguns animais, os dois tipos de coloração são combinadas. Por exemplo, répteis, anfíbios e peixes com coloração verde normalmente têm uma camada de pele com pigmento amarelo e uma camada de pele que espalha a luz para refletir uma cor azul. Combinadas, estas camadas de pele produzem o verde.
As colorações físicas e químicas são determinadas geneticamente; elas são transmitidas de pais para filhos. Uma espécie desenvolve a coloração da camuflagem gradualmente, através do processo de seleção natural. Na selva, um animal peculiar que combina melhor suas cores com as do meio em que vive está mais apto a passar desapercebido pelos predadores, e então vive mais. Conseqüentemente, o animal que combina com seu meio ambiente está mais apto a procriar que um animal que não combina. A cria de um animal que se camufla provavelmente herdará a mesma coloração, e eles também viverão o bastante para passá-la para frente. Desta maneira, a espécie como um todo desenvolve coloração ideal para a sobrevivência em seu meio ambiente.
As maneiras de coloração dependem da fisiologia de um animal. Na maioria dos mamíferos, a coloração da camuflagem está nos pêlos, já que esta é a camada mais externa do corpo. Nos répteis, anfíbios e peixes, está nas escamas; nos pássaros está nas penas; e nos insetos é parte do exoesqueleto. A própria estrutura da cobertura externa pode também evoluir para criar uma camuflagem melhor. Em esquilos, por exemplo, o pêlo é bastante áspero e irregular, então ele lembra a textura de casca de árvore. Muitos insetos têm uma carapaça que imita a textura macia das folhas.
Coloração de camuflagem é muito comum na natureza - você a vê em algum grau na maioria das espécies. Mas não é muito comum para um animal ser capaz de mudar sua coloração para combinar com um meio ambiente em mudança. Na próxima seção, veremos alguns dos animais que usam este tipo de camuflagem adaptativa.           
  • Mudança de cor

    Na última seção, vimos que a forma mais básica de camuflagem é a coloração que combina com o meio ambiente de um animal. Porém, o meio ambiente de um animal pode mudar de tempos em tempos. Muitos animais desenvolveram adaptações especiais que os permitem mudar sua coloração de acordo com a mudança em seu meio ambiente. Uma das maiores mudanças no meio ambiente de um animal ocorre na troca de estações. Na primavera e verão, o habitat de um mamífero pode estar cheio de verde e marrom, enquanto no outono e inverno tudo pode ser coberto de neve. Enquanto a coloração marrom é perfeita para um meio ambiente amadeirado de verão, pode tornar o animal um alvo fácil contra um fundo branco. Muitos pássaros e mamíferos lidam com isto produzindo diferentes cores de pêlo ou pena dependendo da época do ano. Na maioria dos casos, tanto a mudança da luz do dia ou a mudança na temperatura desencadeiam uma reação hormonal no animal, o que causa a produção de diferentes biocromos.


    Reproduzido com a permissão do Ministro do Trabalho Público e Serviços Governamentais do Canadá, 2001
    Como mudam as estações, a raposa do Ártico muda a cor de sua pelagem. Na primavera e verão, ela tem uma pelagem escura, para combinar com a terra marrom em seu meio ambiente. No outono e inverno, ela vale-se de pêlos brancos, para combinar com a neve do meio ambiente.

    Penas e pêlos em animais são como cabelos e unhas dos humanos - são, na verdade, tecido morto. Estão presos ao animal, mas como não estão vivos, o animal não pode fazer nada para alterar sua composição. Conseqüentemente, um pássaro ou um mamífero tem que produzir uma pelagem ou penas completamente novas para mudar de cor. Em muitos répteis, anfíbios e peixes, por outro lado, a coloração é determinada por biocromos em células vivas. Os biocromos podem estar em células na superfície da pele ou em células em níveis mais profundos. Estas células em níveis mais profundos são chamadas de cromatóforos.


    Foto cedida por David Parks
    Chamaeleo pardalis, uma espécie de camaleão encontrada nas florestas de Madagascar. Os camaleões podem produzir uma grande variedade de cores e padrões em sua pele, mas eles fazem isso principalmente para expressar o humor, não para misturar-se em diferentes ambientes.

    Alguns animais, assim como várias espécies de cartilagens de sépias (molusco da classe celafopoda - a mesma de lulas e polvos), podem manipular seus cromatóforos para a troca total da cor de sua pele. Estes animais possuem uma coleção de cromatóforos e cada um deles contém um pigmento singular. Um cromatóforo simples pode estar envolto por um músculo que pode contrair ou expandir. Quando o músculo da sépia se constringe, todos os pigmentos são empurrados para a parte superior do cromatóforo. No topo, a célula fica achatada dentro de um disco largo. Quando o músculo relaxa, a célula retorna ao seu formato natural de um pequeno pingo. Este pingo é muito difícil de ser visto porque a parte larga do disco constringe a célula. Constringindo os cromatóforos com um determinado pigmento e relaxando todos os outros com outros pigmentos, o animal pode trocar toda a cor do seu corpo.
    Sépias, com essa habilidade, pode gerar uma ampla gama de cores e muitos desenhos interessantes. Por perceber a cor de um fundo e constringindo certa combinação de cromatóforos, o animal pode misturar-se a todos os tipos de meio ambiente. As sépias também podem usar esta habilidade para comunicarem-se. O camaleão, por exemplo, altera a coloração de sua pele usando um mecanismo similar, mas não para se camuflar. Camaleões tendem a trocar a cor de sua pele quando o humor deles muda, não quando se movem para meio ambientes diferentes.
    Na verdade, algumas espécies de animais trocam os pigmentos que existem em sua pele. Nudibranches (uma pequena criatura marinha) troca sua coloração por alterar sua dieta. Quando um nudibranche alimenta-se de um tipo específico de coral, seu corpo deposita os pigmentos deste coral na pele e extensões externas do intestino. Os pigmentos aparecem, e o animal torna-se da mesma cor que o coral. Como o coral não é só a comida da criatura, é também seu habitat, a coloração é a camuflagem perfeita. Quando a criatura se move para um coral de cores diferentes as do anterior, seu corpo troca de cor com a nova fonte de comida. Similarmente, algumas espécies de parasitas, assumem a cor de seu hospedeiro, que também é a sua casa.
    Muitas espécies de peixe gradualmente produzem diferentes pigmentos sem mudar sua dieta. Isto funciona mais ou menos como troca de pelagem sazonal em mamíferos e pássaros. Quando o peixe troca de meio ambiente, ele recebe sinais visuais de um novo modelo de ambiente. Baseado no seu estímulo, estas espécies começam a liberar hormônios que mudam a maneira de seu corpo produzir pigmentos. Com o tempo, a coloração dos peixes muda para combinar com seu novo meio ambiente.

    fonte How stuff works

terça-feira, 22 de maio de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Aranha descoberta no Pará corre risco de extinção

Exploração de bauxita é a maior ameaça à sobrevivência da nova espécie

Por: Aline Gatto Boueri
Publicado em 22/12/2004 | Atualizado em 21/10/2009

Uma nova espécie de aranha foi descoberta durante expedição pelo rio Juriti, no Pará. A Drymusa canhemabae é a segunda espécie do gênero encontrada na América do Sul e a primeira do Brasil. A descrição da espécie saiu em 25 de outubro na revista Zootaxa , em um artigo assinado por Antonio D. Brescovit, do Instituto Butantan, Alexandre B. Bonaldo do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Cristina A. Rheims da Universidade de São Paulo (USP).

Imagem ampliada de macho da D. canhemabae . A aranha mede 2,16 mm de comprimento (foto:Cristina Rheims)



Segundo Alexandre Bonaldo, a nova espécie de aranha tem distribuição geográfica restrita, o que aumenta a dificuldade de encontrá-la e, principalmente, o risco de extinção. Além disso, a D. canhemabae vive em uma área de intensa exploração de bauxita e, por conta disso, está ameaçada. “Na exploração da bauxita retira-se a cobertura vegetal para a mineração”, explica o zoólogo. “Em seguida, a cobertura vegetal é recolocada no local de onde foi retirada. Isso diminui o impacto, mas não garante a segurança da espécie."

A D. canhemabae pertence à 67ª família de aranha registrada no Brasil – a 59ª na Amazônia. Mesmo assim, Bonaldo reclama da falta de informação sobre as espécies amazônicas. "Há um imenso vazio amostral sobre a incidência de outras aranhas na região", aponta.

As técnicas de captura usadas pelos pesquisadores são reveladoras da maneira como a espécie vive. A D. canhemabae foi capturada em ’terra firme’, às margens do rio Juriti. Foram 15 dias de prospecção, na qual foram capturadas também outras espécies de aranhas, ainda não descritas.

A D. canhemabae foi encontrada em dois microhábitats diferentes, distantes 20 quilômetros um do outro e de características vegetais diferentes. Isso pode significar que a espécie tenha capacidade de viver em mais de dois microhábitats. Apesar disso, os pesquisadores estão pessimistas quanto à distribuição da nova espécie, o que se nota no nome que escolheram para batizá-la: canhemabae vem do tupi e significa ’aquele que pode desaparecer’.


Aline Gatto Boueri
Ciência Hoje On-line
22/12/04

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Gomesianas e ciencia.

Estudo terapêutico da gomesina em camundongos com candidíase disseminada e vaginal.
A gomesina é um peptídeo antimicrobiano catiônico, purificado dos hemócitos da aranha caranguejeira Acanthoscurria gomesiana. Possui amplo espectro de atividade contra bactérias, fungos, protozoários e células tumorais. Candida albicans é uma levedura comensal que faz parte da microbiota humana. O tratamento desta micose geralmente é feito com fluconazol, contudo casos de resistência vêm sendo reportados, com isso vários peptídeos antimicrobianos vêm sendo estudados a fim de se tornarem tratamentos alternativos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do tratamento com a gomesina em um modelo de candidíase disseminada e vaginal. O tratamento de gomesina foi eficaz no controle do fungo. Verificou-se um efeito imunomodulatório, pois seu tratamento aumentou as concentrações de IL-6, TNF-a e INF-g dos rins dos animais com candidíase disseminada. A gomesina não apresentou nenhum efeito tóxico para os animais. Os dados apresentados neste estudo reforçam o potencial da gomesina para ser um agente.


 Autor Rossi, Diego Conrado Pereira (Catálogo USP)
 Nome completo Diego Conrado Pereira Rossi
 Unidade da USP Instituto de Ciências Biomédicas
 Área do Conhecimento Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro