Erro - Introduzir animais ou vegetais típicos de um lugar em outra região.
Quem - Colonizadores, criadores, agricultores e pessoas comuns.
Quando - Desde os tempos das grandes navegações.
Consequências
- Sem predadores naturais, as espécies introduzidas muitas vezes viram
pragas e ameaçam o equilíbrio ecológico em seu novo endereço.
Um simples casal de passarinhos capturado num lugar e libertado em outro
pode significar um grande problema ecológico. Segundo a engenheira
florestal Silvia Renate Ziller, diretora-executiva do Instituto Horus de
Desenvolvimento e Conservação Ambiental, espécies invasoras são hoje a
segunda maior ameaça mundial à biodiversidade, atrás apenas da
destruição provocada pelo homem.
Não existe uma estimativa
global do número de espécies invasoras espalhadas pelo mundo, mas
sabe-se que elas são milhares. Parte delas foi introduzida de forma
intencional. E um dos casos considerados mais preocupantes é o do
caranguejo-rei (Paralithodes camtschaticus).
As águas geladas da península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, são o hábitat natural desse verdadeiro monstro marinho.
A espécie chega a pesar 12 quilos e pode medir 1,5 metro da ponta de
uma pata à outra - mais de 30 vezes o tamanho de um siri. A carapaça
vermelha e as enormes pinças o tornam um guerreiro quase invencível,
encarado apenas por espécies como o halibute (um parente do linguado) e
outros peixes grandalhões.
Exército vermelho
Nos anos 60, cientistas soviéticos introduziram alguns caranguejos-rei no mar de Barents, perto da Noruega, para
que servissem de alimento aos habitantes que colonizavam a região.
Funcionou: os crustáceos se adaptaram ao novo endereço e viraram uma
fonte de proteína e renda para os aldeões. Mas os cientistas soviéticos
não imaginavam o problema ambiental que aquilo iria gerar no futuro.
Sem
predadores na fase adulta, os caranguejos se espalharam sem controle.
Nos anos 70, já tinham chegado à Dinamarca e à Alemanha. Hoje, estima-se
que haja 20 milhões se acotovelando nos mares do norte. Vorazes, eles
dizimam as ovas dos peixes (principalmente bacalhau), consomem as algas e
aniquilam populações inteiras de moluscos, estrelas-do-mar e ouriços.
De quebra, ainda destroçam as redes dos pescadores.
A Noruega
ficou décadas sem tomar providências. Primeiro, porque a carne desses
crustáceos passou a ser muito apreciada em toda a Escandinávia. Depois,
porque os bichões se tornaram um bom produto de exportação. O problema é
que eles viraram uma praga que as autoridades simplesmente não sabem
como deter. Ambientalistas temem que esse "exército vermelho" continue
sua marcha rumo às águas mais quentes dos mares do sul, pondo em risco
também a vida marinha do Mediterrâneo
Extinção em massa De acordo
com o secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB),
firmada por 175 países durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, espécies
invasoras contribuíram para a extinção de 39% dos animais que
desapareceram por causas conhecidas desde o século 17. No Brasil, há
cerca de 350 espécies alienígenas atualmente. Em Galápagos, mais de mil.
Considerando-se que até 20% delas são consideradas pragas pela
comunidade científica, dá para ter uma ideia do problema que elas
representam.
Estranhos no ninho Conheça outras 4 espécies invasoras que tiram o sono ambientalistas e agricultores do Brasil até a Austrália
Tojo
O que é: um arbusto de flores amarelas e coberto de espinhos.
Invasão:
nativa da Europa, essa espécie vegetal foi trazida ao Brasil pelos
colonizadores portugueses para ser usada como cerca viva. Sua
disseminação acabou saindo de controle.
Estrago: o tojo deixa o
solo ácido, o que inibe o crescimento das espécies nativas e inutiliza a
área para agricultura e pastoreio. Por ser muito denso e seco, ele
aumenta o risco de incêndios. Ironicamente, o fogo estimula a germinação
de suas sementes. Muitos tocam fogo no tojo tentando destruí-lo, o que
só agrava o problema.
Caramujo africano
O que é: trata-se de um caracol gigante que chega a pesar 500 g.
Invasão:
nos anos 80, foi introduzido no Brasil como alternativa ao escargot.
Sua criação não deu o retorno esperado. E os criadores libertaram os
animais que mantinham em cativeiro.
Estragos: o caramujo
africano ataca plantações (o que ameaça a subsistência de pequenos
agricultores) e restringe a oferta de alimento para várias espécies
animais nativas. Além disso, sua proliferação descontrolada representa
um sério risco à saúde pública, pois ele é vetor de doenças graves como a
meningite.
Peixe-leão
O que é: uma espécie voraz e resistente nativa do Indo-Pacífico.
Invasão:
pode ter chegado ao Atlântico pegando carona do tanque de lastro dos
navios. Outra hipótese é a de que alguns espécimes tenham escapado de um
aquário na Flórida em 1992, durante a passagem do furacão Andrew.
Estragos:
por não ter predadores naturais, o peixe-leão está dizimando várias
espécies nativas no Caribe. Suas espinhas produzem uma toxina capaz de
matar outros animais e provocar dor intensa em humanos. Acredita-se que
sua chegada ao litoral brasileiro seja apenas uma questão de tempo.
Coelho australiano
O que é: híbrido do coelho europeu com o coelho doméstico da Austrália.
Invasão:
em 1859, o caçador Thomas Austin levou 24 coelhos europeus selvagens da
Inglaterra para sua fazenda na Austrália. Cruzou-os com coelhos
domésticos e manteve os bichos num curral. Mas vários exemplares fugiram
e se multiplicaram pela ilha.
Estragos: superresistentes e
comilões, os coelhos híbridos extinguem pastos inteiros na Austrália,
gerando enormes perdas aos agricultores. O governo já tentou de tudo
para exterminá-los. Hoje, somam aproximadamente 300 milhões.
Fonte:
Super interessante